quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A Natureza Apostólica dos Dons Espirituais de 1 Coríntios 12

Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra de conhecimento; E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar; E a outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer (1 Coríntios 12:8-11).

Palavra de conhecimento
Podemos dizer que o dom da ciência ou palavra de conhecimento era um dom produto da profecia (13:2), sempre citado entre os dons revelacionais voltados para a instrução e edificação (14:6), e que cessaria com o término dos dons revelacionais como línguas e profecias (13:8).
Ora é citado como instrumento de revelação (14:6), ora é citado como o próprio conteúdo da revelação (13:2). Para Charles Hodge a “palavra de conhecimento” era o dom dos mestres do NT. Ele define esse dom como sendo o dom de “entender corretamente e apresentar apropriadamente as verdades reveladas pelos apóstolos e profetas”. É possível que tal dom seja a capacidade dada pelo Espírito aos mestres que deveriam ensinar a Igreja numa época em que o NT ainda não tinha sido escrito, e esses mestres dependiam da palavra revelada, o que compunha o conteúdo da tradição apostólica em forma oral.
A palavra de conhecimento seria, certamente, compreender a profecia dada ao profeta (o profeta não necessariamente não deveria entendê-la), inseri-la num grande arcabouço doutrinário orgânico, lógico, e coeso com todas as outras verdades já reveladas, interpretando-a em harmonia com toda a tradição apostólica. O dom de conhecimento era a capacidade espiritual de ensinar autoritativa e infalivelmente as verdades recém reveladas aos apóstolos e profetas, para suprir as mesmas necessidades espirituais que hoje existem na Igreja moderna, e que são supridas com as Escrituras do Novo Testamento sobre as questões da Nova Aliança.
É o dom de entender a revelação ainda sem um corpo pronto (ou seja, o Cânon), e ainda assim interpretá-la em conexão com as outras partes desse corpo, sem contradição, correlacionando-a com verdades ainda vindouras e com as outras partes do cânon que viriam. A palavra de conhecimento era compreender a profecia em uma amplitude maior, mais profunda, e interligada com toda a verdade autoritativa da Nova Aliança, aptidão essa que o profeta não tinha. É possível compreender o dom de conhecimento como “um cânon ambulante” das Escrituras do Novo Testamento enquanto as partes (evangelhos e epístolas estavam sendo escritos). Mesmo sem um cânon escriturado, os crentes primitivos tinham, através dos mestres, acesso às mesmas verdades escrituradas que temos hoje.

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