Quando se diz que “o
Espírito Santo nos habita e que sente ciúmes de nós” em Seu zelo pela
nossa vida, muita gente pensa “em ciúmes” com as mesmas categorias que
um cônjuge sente ciúmes de um outro que ande em leviandades ou em
descuidos relacionais.
Entretanto, não é assim o ciúme do Espírito. O ciúme do Espírito é em
favor da nossa felicidade e da nossa saúde de consciência; não sendo,
portanto, um ciúme passional ou mesquinho.
O ciúme do Espírito é contra tudo o que não seja vida segundo Deus; é
contra toda nossa traição de nós mesmos e da vida; é um insurgir-se
divino em nós em razão da violação da nossa consciência; é uma tristeza
santa pela nossa entrega ao que mata ou adoece o ser; é apagar de
alegria de Deus em nós por causa da nossa alegria entorpecida; é o
desnamoro do eterno com as nossas más escolha no existir!
O Espírito sente ciúmes do modo como não damos valor a nós mesmos,
entregando-nos de modo banal ao que não seja carregado de significado,
vida e amor.
Por esta razão o Espírito se entristece e se enciúma de tudo quanto seja
mentira contra a Verdade; ou de tudo aquilo que se faça contra o
próximo; ou de tudo aquilo que seja promiscuidade minha contra a
integridade do meu ser!
O Espírito não sente ciúme da sua namorado, mas do seu modo de namorar;
não sente ciúmes do seu sexo, mas da escolha des-significada com a qual
você o pratica; não sente ciúmes da sua felicidade, mas do seu
autoengano de felicidade; não sente ciúmes do seu trabalho, mas do modo
como você o faz; não sente ciúmes do seu amor, mas da sua possível
idolatria afetiva.
O Espírito Santo sente ciúmes em favor daqueles a quem deliberadamente
provocamos ciúmes; sente ciúmes das nossas vaidades; das nossas
soberbas; das nossas escolhas pelas banalidades; das nossas obediências
ao capricho divinizado; das nossas idolatrias materiais; dos nossos
cultos ao sucesso; da nossa relação com o sagrado como se fosse com
Deus; da nossa entrega à religião como um fim em si mesmo; dos altares
de falsas importâncias aos quais nós possamos nos dedicar!
O ciúme do Espirito não é pela sua beleza, ou pela sua roupa, ou pela
arte que você aprecie; ou pelas maravilhas que você contemple; ou pelo
filme proibido para menores que você viu e gostou; ou pela musica não
sacra e não gospel que agrada tanto a você.
O ciúme do Espirito é contra tudo o que eu não possa fazer em Deus,
dando graças a Deus, e com amor, respeito e reverencia para com o meu
próximo e para com a vida!
O Espírito Santo me habita; sou cheio Dele; sou santuário Dele; sou Sua casinha de amor!
Assim, o ciúme do Espírito tem a ver com o que trago para o coração como
se pudesse ter em mim um lugar para Deus e um outo para o que não se
apresenta em santidade e pureza diante do Eterno habitante do nosso ser.
O ciúme do Espírito não vem de fora, mas do que me possui dentro, nos
meus pensamentos, nos meus sentimentos, nas minhas produções de
consciência, na fábrica interior do meu coração!
Assim, o ciúme do Espirito por mim tem apenas a ver com a falsificação
de mim mesmo em relação ao sentido da Vida que eu acolhi no Evangelho.
Então, quando é assim, o Espírito geme angustiado em mim; e,
frequentemente as angustias que sinto são as angustias Dele em mim;
buscando me lembrar de que a vida com Deus é um casamento da consciência
com a verdade, a fé e o amor; e que as implicações disso têm a ver com o
alinhamento do meu seu ao Caráter do Amor de Deus, segundo Cristo em
mim.
Nele, em Quem o que é santo é santo
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